Capela dos Ossos

A Capela dos Ossos que por nos espera

A mensagem é ‘tétrica’, mas não necessariamente falsa. ‘Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos’, pode-se ler no célebre aviso à entrada da Capela dos Ossos, um dos mais conhecidos do concelho alentejano de Évora, no distrito homónimo, inserida na Igreja de São Francisco. A Capela dos Ossos é ponto de paragem obrigatório para quem visita este município, já que, tal como o próprio nome indica, está toda ela revestida por ossos - sim, ossos verdadeiros - ligados por cimento pardo. Calcula-se, aliás, que tenham sido utilizados à volta de cinco mil ossos, entre crânios, vértebras, fémures e outros, provenientes dos cemitérios, situados em igrejas e conventos da cidade, nas paredes, tecto, colunas e até no exterior da capela.

Uma alegoria da vida humana

É um perfeito exemplo da denominada arquitetura penitencial, que pretende recordar os simples mortais de que a vida é efémera, de que, independentemente de tudo, o fim existência na Terra é igual para todos e de que, ainda assim, vivemos todos num contexto de transitoriedade, ligado à permanente vivência cristã. Ou pelo menos era este o objetivo de três monges franciscanos da altura, que se moviam ao som da onda de contra-reforma religiosa influenciada pelo Concílio de Trento, e que avançaram com a construção desta curiosa Capela. Mas nem toda a razão por trás da construção ‘pouco ortodoxa’ da Capela dos Ossos é meramente espiritual. É que, na altura da sua construção, no século XVII, existiam em Évora 42 cemitérios monásticos, e era necessário libertar algum do espaço ocupado pelos mesmos para dar outros fins aos terrenos onde se encontravam. E que melhor maneira de libertar espaço nos cemitérios do que retirar os ossos das sepulturas e utilizá-los para ornamentar uma capela?

Mas não só de Ossos se faz a Capela dos Ossos. O tecto abobadado é decorado por frescos datados de 1810, onde estão ilustrados vários símbolos ligados a passagens bíblicas, bem como outros com os instrumentos da Paixão de Cristo, e, à saída, é possível encontrar ainda um painel azuleja original do arquiteto Álvaro Siza Vieira, que é um contraponto face à alusão da morte o milagre da vida.

Em 1910, a Capela dos Ossos foi considerada Monumento Nacional, e os anos de 2014 e 2015 foram de restauro, numa conta que subiu aos 3,5 milhões de euros. 

Informações práticas

Horário de abertura da Capela dos Ossos

A Capela dos Ossos está aberta ao público geral das 9h às 18h30 (durante o verão), e das 9h às 17h (horário de inverno). Está aberta todos os dias, exceto a 1 de Janeiro; Domingo de Páscoa; 24 de Dezembro à tarde; 25 de Dezembro.

Taxa de entrada

- Bilhete individual: 2,00 euros

Acesso à cidade de Évora

Chegar a ela não é problema nenhum: Évora é servida pela autoestrada A6, bem como por uma estação de comboios com ligação direta a Lisboa, e autocarros para o país inteiro.

Visitar Évora

Ao visitar a Capela dos Ossos, vale ainda a pena passear pelo resto da cidade de Évora, onde se encontram outros pontos de interesse como o Templo Romano, lado a lado com o Jardim Diana, local perfeito para descansar sob o sol alentejano a refletir sobre a vida, a morte, e toda a mensagem que a Capela dos Ossos transmite.