1. Presidentes portugueses após o Estado Novo
Presidentes portugueses após o Estado Novo

Presidentes portugueses após o Estado Novo

A vida política portuguesa sofreu profundas alterações durante o século XX e todos os Presidentes da República desempenharam um papel importante no desenvolvimento do país. Descubra os grandes nomes da história moderna de Portugal.

Quem foram, afinal, os presidentes portugueses?

Portugal é uma República desde 1910, e o cargo de Presidente da República, eleito pelos portugueses, foi criado em 1911. Desde então, Portugal já esteve sob a alçada de 20 presidentes, desde Manuel de Arriaga, o primeiro Presidente da República português, até Marcelo Rebelo de Sousa, atual detentor do cargo, eleito em 2016.

No último século, Portugal passou por muitas mudanças, tanto políticas como sociais, com grande ênfase no fim do regime do Estado Novo, com o desenrolar do 25 de Abril de 1974, e os anos ‘quentes’ que se seguiram, com o denominado Processo Revolucionário em Curso (PREC). Ao longo de todos estes momentos históricos, diferentes Presidentes da República se destacaram pelo seu papel nos mesmos, e pela sua figura de mediador e de apaziguador dos ânimos nacionais.

Marcelo Rebelo de Sousa

Em 2016, e depois de 10 anos de presidência sob a alçada de Cavaco Silva, os portugueses elegeram Marcelo Rebelo de Sousa, nome bem conhecido da sociedade lusitana, para ocupar o cargo de Presidente da República. Desengane-se, no entanto, quem acha que a carreira política de Marcelo Rebelo de Sousa começou aí. O antigo professor de Direito na Universidade de Lisboa foi presidente do PSD, entre 1996 e 1999, tendo também exercido os cargos de deputado à Assembleia Constituinte, Secretário de Estado (1981-1982) e Ministro (1982-1983) dos Assuntos Parlamentares do Governo da Aliança Democrática, chefiado por Francisco Pinto Balsemão.

Foi como comentador ‘residente’ do canal televisivo TVI, no entanto, que o Professor Marcelo chegou às casas de milhões de portugueses, construíndo uma reputação que lhe valeu a eleição em 2016, com 52% dos votos - mais de 2,4 milhões de votos. A sina repetiu-se em 2021, com 60.7% dos votos - mais de 2,5 milhões de votos.

Cavaco Silva

Antes do período de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, Portugal viveu, no entanto, uma década marcada por uma forte crise económica e pela sua consequente recesão. Com ela, o início e o fim de um Governo de coligação PSD-CDS, tudo sob o olhar atento de Cavaco Silva, nome inconfundível dos anais da política portuguesa. Nascido em Boliqueime, no Algarve, e filho de um proprietário de uma bomba de gasolina, Aníbal Cavaco Silva subiu é um dos políticos mais lôngevos de Portugal, tendo subido à Presidência da República em 2006, deixando o cargo 10 anos depois. Antes, no entanto, tinha já sido primeiro-ministro do país, entre 1985 e 1995, ministro das Finanças, entre 1980 e 1981, e presidente do PSD, entre 1985 e 1995.

Homem dos Números por excelência, licenciou-se, em 1964, em Economia e Finanças, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, com a mais alta classificação do seu ano, e começou a traçar o seu caminho académico desde aí, culminando com a conquista do lugar de professor catedrático na Universidade Nova de Lisboa, em 1979. É militante do PSD desde a fundação do partido, e serviu como ministro das Finanças no Governo de Francisco Sá Carneiro. Após a morte do então primeiro-ministro, no entanto, recusa-se a participar no Governo de Francsico Pinto Balsemão, acabando por ser eleito, em 1981, pelo Parlamento, presidente do Conselho Nacional do Plano (órgão que antecedeu o Conselho Económico e Social).

Mário Soares

Quando se fala de Presidentes da República portugueses há um, no entanto, que não pode faltar na lista. Mário Soares, que foi primeiro-ministro entre 1976 e 1978, e depois novamente entre 1983 e 1985, e que liderou (e co-fundou) o Partido Socialista entre 1973 e 1986, chegou à Presidência da República numa das eleições presidenciais mais renhidas e polémicas da história do Portugal moderno. Corria o ano de 1986 e para trás tinha ficado a presidência do General António Ramalho Eanes, quando o país foi a votos em janeiro desse mesmo ano, acabando por levar a uma segunda volta - algo inédito em Portugal.

De uma forma resumida, o ‘confronto’ marcou-se entre Mário Soares, apoiado pelo PS e por outros eleitores de Esquerda, nomeadamente do PCP, e Diogo Freitas do Amaral, homem-forte do CDS-PP, apoiado também pelo PSD. No fim, Soares acabaria por vencer, na segunda volta, com 51.18% dos votos. Apenas mais 2.36% dos votos relativamente a Freitas do Amaral (cerca de 150 mil votos de diferença).Mário Soares ficará para sempre eternizado nos anais da história portuguesa pelo seu papel como primeiro-ministro, pelas suas intervenções no ‘verão quente’ depois do 25 de Abril de 1974, e, também, pela forma como conduziu o país durante o seu mandato como Presidente da República.

António de Spínola

Há um Portugal antes do 25 de Abril de 1974 e um Portugal depois dessa data, em que se levou a cabo a Revolução dos Cravos, pondo fim ao regime do Estado Novo. Feita a revolução, estava na hora de escolher um Presidente da República, e que melhor figura que o general António de Spínola, que presidia à Junta de Salvação Nacional (que passou a deter as principais funções de condução do Estado após o golpe), e que tinha, ele próprio, recebido, como representante do Movimento das Forças Armadas, do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, a rendição do Governo (que se refugiara no Quartel do Carmo, em Lisboa).

Spínola ficaria para sempre recordado como um dos homens-fortes da Revolução, mas a sua presidência, tal como tende a acontecer em Governos provisórios, pouco durou, até por desentendimentos com o rumo que o Movimento das Forças Armadas estava a tomar. Em setembro desse mesmo ano, acabou por renunciar ao cargo, deixando a Presidência da República nas mãos do general Costa Gomes. Mas não por isso se afastou da política nacional, criticando a viragem à esquerda do MFA e culminando na tentativa de golpe de estado de direita da Intentona do 11 de Março de 1975.

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