Os cães portugueses são, na sua maioria, fáceis de treinar, obedientes e inteligentes. A sua utilização para a caça ou pastoreio tem mantido e melhorado as raças de cães portugueses ao longo dos séculos.
Não se pode falar em raças de cães oriundas de Portugal sem mencionar o Cão da Serra da Estrela. Esta é, talvez, a raça de cães portuguesa mais conhecida no país. Trata-se de uma raça de cães de grande porte, com um pêlo comprido e denso, assemelhando uma ovelha - afinal de contas, este é um cão criado principalmente para as atividades de pastorícia na Serra da Estrela, a cadeia montanhosa mais popular do país.
Estes cães - criados para guardar o gado - são, estima-se, uma das raças de cães mais antigas da Península Ibérica, e primam pela inteligência e pela lealdade. Estes são cães de guarda, de vigia e de caça, conhecidos pela sua caraterística apatia em relação aos humanos. Reza a lenda que já nos tempos dos Visigodos, os Serra da Estrela acompanhavam as populações que viviam na Península Ibérica. O gado acompanha o ser humano há largos séculos, e com ele os cães de pastorícia, procurando defender tanto o pastor como o gado de lobos e outros predadores. É neste âmbito que os Serra da Estrela desenvolveram a sua atitude independente e de forte carácter, o que é visto por algumas pessoas como algo positivo, já que este não é um cão "carente" ou de alta manutenção a nível social. Já a nível estético, o longo e brilhante pêlo dos Serra da Estrela requer escovagem regular, mas, quando bem feita, transforma o animal num espécime airoso e imponente.
Os Serra da Estrela podem chegar a medir entre 62 e 72 cm, pesando entre 30 e 50 kg, não sendo cães adaptados à vida em apartamentos, mas sim a espaços amplos. Têm uma esperança média de vida de 12 anos, e o seu pêlo é, principalmente, castanho, podendo ter misturas de cinzento, fulvo e amarelo. Esta raça de cães representa o leal companheiro do pastor português, tanto na proteção do rebanho como das suas propriedades. É, em todo o seu esplendor, a figura da imponência perante os seus donos, fiéis e fiáveis. Felizmente, graças a séculos de desenvolvimento através de seleção natural, o Serra da Estrela tornou-se numa raça pouco propensa a problemas sérios de saúde, tendo, como cão de grande porte, tendência para sofrer algumas das patologias associadas a estes cães: displasia da anca, torção do estômago e a cardiomiopatia dilatada.
O cão de gado transmontano é a maior raça canina portuguesa. É um cão de gado originário do nordeste de Portugal, da região de Trás-os-Montes, uma zona muito montanhosa. Esta raça é o resultado do cruzamento de uma multidão de raças Mastiças Ibéricas.
A função deste cão é principalmente garantir a segurança das ovelhas e cabras contra o seu principal predador: o lobo ibérico. Este lobo, que costumava estar presente em todo o país, só pode agora ser visto no norte de Portugal.
O Cão de Gado Transmontano pode medir entre 68 e 85 cm e pesar entre 50 e 75 kg. É um cão que precisa de muito espaço e liberdade para poder prosperar.
O Rafeiro Alentejano é utilizado principalmente como cão pastor, guardando as planícies alentejanas e protegendo os rebanhos de lobos ibéricos e potenciais ladrões.
Em Portugal, durante as estações quentes, os antepassados dos Rafeiros Alentejanos migraram com os seus rebanhos das planícies alentejanas para as montanhas no norte do país. Iam até ao Douro para encontrar erva fresca e faziam o contrário durante as estações frias. Actualmente, são sedentários devido aos desenvolvimentos no sector da pecuária.
O cão Castro Laboreiro vem do extremo norte de Portugal, da aldeia com o mesmo nome na Serra da Peneda (Parque Nacional da Peneda-Gerês).
Para acompanhar o gado, os habitantes desta pequena aldeia desenvolveram um cão que é menos poderoso do que outros cães de montanha portugueses mas muito mais ágil e capaz de subir colinas. Não é menos corajoso e estará pronto a enfrentar o lobo ibérico em caso de ataque.
É raça de cães com origem em Portugal mais conhecida, muito graças à publicidade trazida por Bo e Sunny, os cães d'água portugueses que vaguearam pelos corredores da Casa Branca e acompanharam Barack Obama durante os seus anos como Presidente dos Estados Unidos da América.
O cão de água português é originário da região do Algarve, a sul de Portugal. Como o próprio nome indica, é na água que se sente melhor, e que desenvolveu as suas caraterísticas. Habitantes populares dos barcos pesqueiros, a sua origem é relativamente desconhecida, havendo relatos que apontam para esta raça desde 1297. Nesse ano, um monge escreveu um texto onde relatava o salvamento de um marinheiro por um cão com "o pêlo comprido e preto, tosquiado até à primeira costela, e com um tufo na ponta da cauda”. Uma descrição que, por encaixar perfeitamente com o aspeto físico dos cães de água portugueses.
Os cães de água portugueses sempre foram - e são - fiéis companheiros dos pescadores portugueses, vivendo lado a lado com estes nos barcos, acompanhando-os nas difíceis viagens ao Mar à procura do sustento. Por isso, estes cães são adeptos fervorosos da água, mas, à medida que as estratégias de pesca se foram tornando cada vez mais sofisticadas e modernas, o seu uso nos barcos pesqueiros foi-se tornando mais obsoleto, levando a um grande decréscimo no número de espécimes desta raça. Aliás, tal foi a quebra no número de cães de água portugueses que, em 1981, chegou a estar registado no Livro do Guinness como a raça de cães mais rara do mundo. Com a criação e a maior adaptação deste cão ao ambiente doméstico, no entanto, a raça perdurou, e, mais uma vez, muito graças à publicidade trazida pela adoção de Bo e Sunny por parte da família Obama, o cão de água português voltou a estar em altas nas últimas décadas.
Esta raça de cães não é recomendada para apartamentos, sendo animais que preferem o ar livre, grandes espaços para correr e passear. Os machos têm uma altura ideal de 54 cm, e as fêmeas medem cerca de 46 cm. Em termos de peso, os machos variam entre 19 a 25 kg e as fêmeas entre 16 e 22 kg.
O pêlo é tipicamente longo e ondulado, com pêlo mais brilhante, mas também existem espécimes com o pêlo curto e encarapinhado, mais opaco. Já a nível de cores, o pêlo costuma exibir uma mistura de preto e/ou castanho e branco, podendo ser totalmente pretos ou castanhos.
Há, entre as raças de cães de Portugal, uma que agradas gregos e troianos. Trata-se do Podengo português, uma raça de cães que vem numa enorme variedade de tamanhos, cores e feitios. Principalmente usados para a caça, e conhecidos pela sua atitude "brincalhona" e altamente social, esta raça de cães é uma das mais populares entre as raças portuguesas de cães. A sua origem alastra-se ao longo dos séculos, havendo registos de que terão sido os Fenícios e os Romanos a trazer estes cães para a Península Ibérica na antiguidade clássica. Logo, e com a mistura com cães de caça primitivos trazidos por soldados norte-africanos, no século VIII, a raça foi-se misturando e mudando.
Ao longo dos anos, o Podengo foi evoluindo, adaptando-se tanto ao clima do país como aos diferentes usos que lhe eram dados. Daí que esta raça venha numa tão grande variedade de tamanhos e feitios. Aliás, para ser mais específicos, o Podengo português vem em três portes diferentes: pequeno, médio e grande, sendo que a variedade pequena surgiu, revelam alguns especialistas, para servir de rateiro nas caravelas da marinha portuguesa, a partir do século XV. De resto, um grande detalhe separa também os Podengos de porte pequeno e médio dos seus irmãos de grande porte: as duas versões mais ‘pequenas’ do Podengo eram utilizadas para caçar coelhos - afinal de contas, o seu porte mais pequeno permitia-lhes procurar o animal nas covas e noutros espaços onde este se pudesse esconder. Já o Podengo de grande porte é utilizado, por sua vez, na chamada caça grossa, especialmente na caça ao javali. Esta variante do Podengo, no entanto, é menos comum.
Graças à sua aptidão para a caça, o Podengo é um cão altamente ativo, conhecido pela sua personalidade energética e pela sua forte vertente social. Este não é um cão para pessoas com pouco tempo ou paciência para dar atenção ao animal, que se distribui pelo país, de Norte a Sul, com diferenças a marcar as variedades do Podengo, conforme a região. No Norte, por exemplo, os Podengos tendem a ter um pêlo mais liso, que lhes permite secarem-se mais rapidamente, ao passo que em zonas mais secas do país, principalmente no Sul, o Podengo tem um pêlo cerdoso, que o protege do frio no Inverno, bem como do sol.
Para além de serem ótimos cães de caça e de proteção, são também perfeitos companheiros, adaptando-se perfeitamente à vida em família. É difícil definir limites de peso e tamanho nesta raça, uma vez que as suas variedades são muito diferentes entre si, mas estima-se que o Podengo pode medir entre 20 e 70 centímetros de altura, e pesar entre 4 e 20 kg, dependendo das variantes. O pêlo é, geralmente, pintado de cores entre todas as tonalidades de amarelo e fulvo, mais claras e mais escuras, podendo ou não ter manchas brancas ou de outras cores.
Quando se fala de cães de raça portuguesa criados para a caça, no entanto, há um nome que não pode faltar: o Perdigueiro Português. Esta raça de cães e a caça são como unha e carne. Um não vem sem o outro. O seu nome vem mesmo do facto de ter sido criado para caçar perdizes, utilizado também na caça de altanaria.
Esta raça alonga-se também ao longo dos séculos, com origem no Perdigueiro Peninsular, uma antiga raça de cães oriunda da Península Ibérica. Desde o século X que há registo documental desta raça, surgindo até numa lápide sepulcral visigótico-moçárabe da Igreja de S. João Baptista de Tomar. Tal como tende a acontecer, o Perdigueiro foi evoluindo, adaptando-se ao clima e ao tipo de caça para o qual era utilizado. Por exemplo, já no século XIV esta raça ganhou um estatuto nos canis reais, com grande aptidão para a caça de altanaria e, no século XVIII, com a chegada de mercantes ingleses que se instalaram no Porto e começaram a produzir e exportar vinho do Porto, o Perdigueiro português viajou até terras de Sua Majestade, onde desempenhou um importante papel na origem do Pointer inglês.
O Perdigueiro, por Natureza, é um cão cheio de energia, afetuoso e muito amante da sua família. É protetor, sociável e dedicado, valendo-se das suas capacidades de caça para proteger as casas dos seus donos, ao mesmo tempo que são animais sociais e amigáveis.
Pesando os machos entre 20 e 27 kg, e as fêmeas entre 16 e 22 kg, este é um cão que precisa do seu espaço para correr e gastar energia, sendo pouco apto a apartamentos, até porque os machos medem entre 52 e 60 cm, e as fêmeas entre 48 e 56 cm. O pêlo é curto e suave, podendo vir em misturas de cor entre o amarelo e o branco, e tendo uma esperança média de vida de 13 anos. É, no entanto, um cão de alta manutenção, já que toda esta energia precisa de ser gasta algures, pelo que não se recomenda para um dono que tenha pouco tempo ou paciência para lhe dedicar. E mais, esta raça de cães é especialmente conhecida pela sua adaptabilidade: seja em que terreno for, em diferentes climas e condições, o Perdigueiro mantém-se no auge das suas capacidades de caça, com um faro apuradíssimo e uma capacidade de concentração acima da média.
Ao contrário de outras raças de cães portugueses, esta raça do sul de Portugal descende do antigo galgo egípcio, que teve a sua origem no tempo dos Faraós.
O Cão do Barrocal Algarvio foi concebido para caçar coelhos, e para se adaptar a todos os tipos de terreno, mesmo aos mais selvagens!
Originária do Alentejo, desde a Serra de Aires até Monforte, esta raça foi desenvolvida para pastoreio nas planícies do Alentejo e do Ribatejo.
Um eficiente cão pastor português que é resistente tanto ao frio como ao calor.
O Cão de Fila de São Miguel foi criado principalmente para conduzir e proteger as vacas na região dos Açores, razão pela qual foi nomeado "cão das vacas" pelos habitantes da ilha de onde é originário.
Tem sangue do Bulldog Inglês, do Mastim Inglês e do Dogue de Bordeaux.
Ao longo dos anos, além do seu estatuto de pastor, o Cão de Fila de São Miguel também tem sido utilizado como cão de caça ao javali e como cão de guarda.
O cão Barbado da Terceira é originário da ilha Terceira (Açores). É um cão de tamanho médio, perfeito para o pastoreio e especialmente um excelente cão de companhia. Ele é fácil de treinar, gentil e particularmente leal ao seu mestre.
Mede entre 48 e 58cm e pesa entre 21 e 30kg. Tem um corpo bem musculado, coberto com um pêlo longo e ondulado.
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